AS AVENTURAS DE UMA AEROMINA

domingo, 3 de abril de 2011

Xangai

A China é um desses lugares que sempre tive vontade de dar uma chegada para ver como é, mas nunca pagaria para isso. Entre meus colegas de trabalho, a China é o tipo de lugar que ou você ama ou odeia, então estava curiosa para ver no que ia dar.
Chegamos em Xangai à noite e o aeroporto fica a cerca de 40 minutos da cidade. Quando chegamos no hotel já era por volta da meia noite e estava bem frio. Então, em vez de sairmos, compramos algumas bebidas na loja de conveniência na frente do hotel e ficamos no crew lounge. Acho que já expliquei  o que é o crew lounge em outro post, mas vamos lá. O crew longe é um apartamento do hotel reservado para a tripulação. Sempre tem um computador com conexão de internet e algumas vezes, uma mini cozinha com geladeira, sofás, tv...
Geralmente eu não gosto de ir para lá porque prefiro dormir relativamente cedo e aproveitar o dia para conhecer a cidade, mas nesse caso, como tripulação era muito legal e eu fiquei sabendo que dava pra comprar vinho chinês, juntei uma coisa com a outra e fui.
Além do vinho de uva, que eu nem sabia que era produzido lá , também comprei uma cerveja para experimentar (é famoso o vinho de arroz, bastante usado na culinary local, mas o de vinho). Como não tinha ninguém entre a gente que falava mandarim e ninguém falava inglês na loja, acho que acabei comprando sem querer a Suntory, uma cerveja japonesa.  Que era ótima por sinal.



Já o vinho Changyu é bebível. Pobrinho, sem corpo, pouquinho tanino, mas ainda assim, bem melhor que eu esperava. Não é nada do tipo Chapinha ou Sangue de Boi.



Além da surpresa de encontrar vinho naquelas terras, tive um papo bem bacana com um egípcio da tripulação. Depois de que todos os protestos começaram nos países árabes, essa foi a primeira vez que encontrei algum partidário de Murabak. Há muitos egípcios aqui e até então, todos, mas todos mesmo apoiaram a queda do governo.
Ele estava me contando que depois que a confusão começou e ele se declarou a favor de Murabak, mais de vinte pessoas, em Dubai e no Egito, o eliminaram do Facebook. Seus amigos não olham mais na cara dele, que recebeu e-mails e xingamentos on-line. E ele me perguntou: “É assim que querem começar uma democracia?” Pois é para se pensar. Estar aqui e poder conversar com as pessoas sobre o que acontece nos seus países é incrível. Tenho amigos da Líbia, Bahrain, Tunísia. E as histórias são bem diferentes do que lemos nos jornais.
Algumas taças de vinho depois o sono bateu e fui para a cama.
Dia seguinte, fui com alguns tripulantes e minha amiga Mai, da minha turma de trainees, fazer compras, afinal estamos na China. Ótimo lugar para isso em Xangai é o Underground Market, próximo ao centro da cidade, que tem esse nome porque fica no subsolo, junto à uma estação de metrô, e não porque é obscuro (bom, até que é).
Lá tem de tudo e muita falsificação das boas. O lugar é conhecido por vender “só falsificação original”. Roupas, tênis e acessórios de “marca”, pijamas e hobbies de seda e cetim (lindos, típicos chineses), bolsas, eletrônicos, tudo a preço de bananas. E a tripulação se acaba. E os comerciantes do mundo todo compram para revender com um puta lucro.


Minha amiga Mai à minha direita e outros dois tripulantes

Uma das entradas do underground market

O underground market

O underground market

O underground market

Como acontece em alguns países, lá há a tradição da barganha. Os vendedores sempre dão preços muito acima do real (até 200% do valor) e você tem que negociar para baixar. Eu já tinha adquirido experiência na Africa, então não foi difícil. Difícil foi usar o banheiro daquele ligar na hora do aperto. E que aperto, meu amigo…Tipo number 2 after breakfast. Eu fiquei com uma inveja daquele povo que diz que sofre porque "Ai, só vou no banheiro de casa".
A China não é exatamente conhecida pela limpeza. Muita gente acaba doente lá por intoxicação alimentar e as pessoas escarram na rua de uma forma impressionante. Há uma sinfonia bem desagradável nos quatro cantos da cidade. Agora aquele banheiro, vou te falar...
As chinesas não se incomodam em fechar as portas do lavatórios. Já quando entrei dei de cara com uma delas se limpando com a maior naturalidade, como se estivesse bebendo uma Coca-Cola. A maior parte das privadas estavam entupidas -assim como as pias onde as vendedoras lavavam seus tupperwares, usados no almoço, vassouras para limpar as lojas etc. Tudo isso ao som das cusparadas. Eu sei, a imagem é horrível. Mas acredite, a realidade é ainda pior. Bom, consegui comprar um lecinho da Hello Kitty e mais uma vez sobrevivi a Hora do Pesadelo. Obrigada Hello Kitty!

Imagine all the people...

Voltando às compras. Não se incomode com os vendedores gritando pelos corredores que você é mão-de-vaca. Faz parte da negociação. Quando você sai da loja, eles vão gritando atrás e baixando o preço. Algo assim:
O vendedor grita: - 60!
Você continua andando.
O vendedor grita: - Volta aqui, seu mão-de-vaca!
Você continua andando.
E assim vai até ele chegar num preço razoável. No início é muito estranho, mas acostuma. Há apenas uma coisa: se o vendedor chegar ao preço que você pediu, compre! É uma ofensa começar a barganha, ganhar e sair andando.
Saindo de lá cheia de sacolas, dei uma voltinha no centro da cidade. Há muitas coisas para se ver em Xangai, mas deixei para as próximas viagens. Dessa vez optei por voltar ao hotel e fazer uma massagem ali pertinho. Afinal, fazer compras cansa. Putz, às vezes eu nem acredito que me pagam pra isso!
As massagens na China são ótimas e com ótimos preços. Por uma de corpo inteiro eu paguei 80 yuans (R$ 19,80) por uma hora de masagem corporal. E foi ótimo.

Centro de Xangai

Centro de Xangai

Centro de Xangai

A massagem salvadora da pátria


perto do hotel

Saí de lá com uma fome monstra e tentei comprar alguma coisa nos restaurantes e na loja de conveniência ali perto, mas foi impossível. Ninguém fala inglês e eu não entendo bulhufas. Tentei perguntar para alguns estudantes que estavam nos arredores se tinha alguma coisa vegetarina, mas ninguém entendia. E a comida na China, como já falei não é nada confiável. Mesmo os carnívoros que adoram comida chinesa em outros lugares do mundo têm que tomar cuidado aqui. Talvez nos bons restaurantes a coisa seja melhor, mas na rua é assustador. Sério, não dá para reconhecer nada.




E aí, tem a manha?

Então, dei uma de covarde e fui pro hotel (Crowne Plaza) e comi por ali. Lá tinha um menu para vegetarianos. Pedi um arroz frito com legumes. A aparência era de um arroz Chop Suey do China in Box, mas o gosto era mil vezes melhor. Super saboroso.

Chop Suey original
Com barriga cheia fui para o quarto e liguei a TV, coisa que sempre faço. Tenho notado que as novelas locais dizem muito sobre a cultura de um país (sinto muito Brasil, mas é verdade). Dessa vez me chamou a atenção a quantidade de lágrimas das novelas chinesas. Você achava que as mexicanas eram dramáticas? Que nada! Saca só:





Botei até uma toalha embaixo da TV...
De qualquer forma, sobrevivi, tirei uma soneca e encarei um voo noturno de quase onze horas de volta pra casa. Adorei Shanghai e espero voltar em breve para visitar o restante da cidade e comprar as encomendas que a família já fez!


Nível de felicidade: ****

3 comentários:

  1. Muito bom o texto Ju, dei muita risada aqui... :-)

    Ah, acho que ser casada com um chinês paraguaio não me preparou para esse tipo de coisa... nem com a Hello Kitty ajudando! hahaha

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  2. Pois é Julia, mas você casou com uma "falsificação original"! Mas se você tiver a chance vá para lá. A cidade é linda e limpa e os chineses são simpáticos, mesmo não falando uma palavra de inglês. Apenas tome muito cuidado com a comida. Eu adorei e não vejo a hora de voltar para lá ou conhecer Pequim.

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  3. Otimo o underground market!! Gastei todo meu dinheiro la.
    Mas voce esqueceu de mencionar a parte em que a privada do banheiro eh no chao, e que voce tem que fazer xixi como se estivesse no matinho... :p

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