AS AVENTURAS DE UMA AEROMINA

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Sri Lanka

Quando entrei naquele avião não tinha a menor ideia do que esperar. Eu geralmente não pesquiso na internet sobre os destinos para onde vou. Prefiro deixar para ver o que acontece na hora (e me arrependo depois).  O voo foi até que tranquilo. O povo do Sri Lanka se parece fisicamente com os indianos e são bem amigáveis. Há muita pobreza no país e alguns não falam inglês e nem estão acostumados a voar, mas com um pouquinho de paciência tudo se resolveu porque o que importa é que estavam sempre sorrindo. Não dá é para aguentar grosseria. O resto a gente dá um jeito.
O aeroporto de Colombo, a capital, fica na periferia da cidade e o trânsito é lento e caótico. Há uma estradinha de uma mão - em alguns trechos nem é pavimentada - onde carros, ônibus, motos e tutus se espremem. Para quem não sabe, "tutu" é um taxi montado sobre uma moto com dois lugares atrás. A maioria clandestinos. Levou umas duas horas pra chegar no hotel.
Depois de umas cervejas com a tripulação que era bem bacana e uma fuga de tutu na calada da noite resolvi me aventurar no room service. Como acontece em Dubai e em várias cidades do mundo, todo o cardápio no Sri Lanka tem suas opções vegetarianas marcadas com folhinhas. Pena que tá dmorando para isso chegar ao Brasil.
Pedi um curry de castanhas de caju, cuja produção local é grande. A qualidade é ótima e os preços são baixos. O curry foi preparado com leite de coco e coentro, o que lembrava bastante nossa moqueca. Vei com arroz e um tipo de mandiopã (!). A diferença ficou por conta da pimenta, que é brava. E não tem jeito, mesmo que você peça sem, vem super apimentado.
O curry estava uma delícia, mas no início quase desisti. O "not spicy" estava mais apimentado que a comida indiana de Dubai (que não é pra amador). Mas resisti e fui em frente. Em certo ponto, posso dizer que comecei a ter "um barato" de pimenta. Sentia minha cabeça latejar de uma forma agradável e o gosto era tão bom que não dava para parar!  Comi até o potinho com legumes cobertos por um pó vermelho, que o garçom me mandou tomar cuidado.



Curry de castanha de caju com arroz e "mandiopã"



A "marvada"

Legumes com mais pimenta. O garçom bem que avisou para tomar cuidado com esse potinho.


No dia seguinte resolvi explorar Colombo com duas garotas da tripulação. Logo que saímos do hotel um senhor que apresentou como jardineiro do hotel se aproximou dizendo que aquele era um dia especial. Que era dia de uma comemoração religiosa que começaria em poucos minutos. Em seguida ele parou um tutu e pediu que o motorista nos levasse ao tal templo onde aconteceria o evento.
Fomos nessa. Era um templo budista. Precisei usar um pano porque estava de shorts, curtos demais para o lugar. Lá havia um elefante que eles juraram ter sido resgatado e que vivia num retiro perto de Colombo. O elefante teria sido levado para o templo para a comemoração do dia e muito bla bla bla. Não acreditei e vieram outros dois homens conversar comigo, jurando de pés juntos que era verdade. Me deixei convencer e fui tocar o elefante.
Para resumir a história, o motorista, na hora de voltar ao hotel passaram a exigir dinheiro. E muito. Eles estavam todos juntos, o jardineiro, os caras que trabalhavam no templo, eram todos truqueiros. Quebramos o pau para não pagar e chegamos num acordo em que nós perdíamos, claro.


Desculpa, elefantinho!



O tutu do motorista malandro
Para levantar a moral me joguei num prato de comida local. Só mesmo um monte de pimenta para me fazer esquecer aqueles safados. Pedi um "Garlic Roti", um pão incrível cheio de alho que vem acompanhado de alguns molhinhos bem apimentados. Para beber, uma Grapette local cheia de açucar para adoçar meus nervos. Uma delícia.

Garlic Roti

Grapette da Índia!


Caminhando de volta ao hotel vi uma comemoração de casamento típico do Sri Lanka. Um dos convidados percebeu que estavamos olhando e nos convidou para entrar. Foi incrível, que bacana! Um grupo de bailarinos estavam dançando, havia o cheiro das comidas, as roupas típicas, a música...



A essa altura eu já tinha esquecido os salafrários e fui dar uma volta à beira mar. Dei de cara com várias barraquinhas de frutas e azeitonas com o quê?  Mais pimenta, claro!  E fui nessa. Comprei manga e abacaxi cheios de pó vermelhinho. Minha colega não conseguiu comer nenhum, mas eu estava delirando, que coisa boa! Estou viciada em pimenta.




Adorei o lugar, a comida e até as pessoas (com exceção dos malandros). Mas foi tanta pimenta que tive ondas de calor no voo de volta. Aquele monte de pimenta desregulou a temperatura do meu corpo. Quando as outras pessoas reclamavam do frio, eu estava com suando. Quando estava quente, eu reclamava do frio. Mesmo assim não via a hora de comer mais uma pimentinha...

Nível de felicidade: *****!
Hotel: Taj

5 comentários:

  1. Pelo jeito vai trocar o nome do blog para "Pimentinha pelo mundo"

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  2. Oi Ju! Adoro ler suas aventuras, nem q seja só um comentário, do face book!
    Adoooro pimenta e um dia terei de ir pra estes lados do mundo, acho lindo!!! Seu texto me fez ter mais vontade ainda de conhecer! Beijão Cris

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  3. Eu adoro ficar doido de pimenta, dá um barato loco mesmo.

    bjo
    Saudade

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  4. Hahaha, ri com o seu barato de pimenta, nunca cheguei nem perto disso pq qq uma ja me amortece a lingua e paro de comer. rsrsrs

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