AS AVENTURAS DE UMA AEROMINA

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Munique

Os voos para a Alemanha são geralmente bacanas e fáceis de se fazer. As cidades também são bem agradáveis, os serviços de hotéis e restaurantes são bons então ter um na escala é sempre positivo. Munique então, nem se fala.
A cidade é a capital da bavária, que é conhecida por sua hospitalidade, além das cervejas, claro. Já quando eu dizia que ia para lá, todo mundo respondia "Ahhhh, lá é tão lindo, me lembra Vienaaaaa!". Bom, então tá, né? Animei.
Cheguei na cidade por volta do meio-dia. Era um daqueles dias lindos de inverno, Apesar do frio de cerca de 6C, tinha sol e o céu estava limpinho. Aliás, tenho que dizer que tenho muita sorte com isso. Peguei mal tempo apenas duas vezes em seis meses. Nas minhas demais viagens, o clima estava ótimo, mesmo quando a previsão dizia o oposto.
Munique é uma cidade antiga, linda, onde você não precisa ter nada para fazer. É só ir para o centro e andar por ali que já vale a viagem. Dependo de onde você estiver dá para ir de metrô, ônibus ou de bonde. Eu fui de metrô.
Embora esteja tudo em alemão, é bem fácil se deslocar no país porque todo mundo fala inglês e as pessoas são solícitas. E também não é caro. Paguei 9 euros (R$ 20,25) por um ticket para duas pessoas, válido para o dia todo, por qualquer transporte pela cidade. Quem dividia a passagem comigo era a Eri, uma japonesa da tripulação, que acabei sabendo durante o trajeto, que havia morado em Curitiba e falava português. Que coisa mais improvável!
Para começar sua tour pelo centro, você pode ir até a praça central, a Karlsplatz. Há uma estação de metrô bem na frente. De lá andamos até a antiga pinacoteca, a Alte Pinakothek, um museu antigo, mas ativo, e mais para a frente, passamos a catedral de Frauenkirche e a Marienplatz, uma outra praça no centro de Munique seguida por um calçadão com restaurantes, bares e cafés.












Há muitas outras atrações na cidade como o Campo de Concentração de Dachau, o English Gardens, o Museu Germânico e o Mercado de Viktualienmarkt, um mercado ao ar livre que vende de tudo. Frutas, vegetais, queijos, flores e pratos típicos. Lá dentro há um "Jardim da cerveja", o Beer Garden, que também funciona como restaurante. E já me esquecendo do museu da BMW, para onde uma garota da tripulação foi.
Esses lugares, com excessão do mercado, ficam um pouco afastados do centro da cidade. Eu acabei ficando por ali mesmo porque tenho apenas um dia na cidade e estava muito frio. Nesses casos, em vez de fazer tudo correndo, prefiro ir vendo o lugar aos poucos. A cada voo conheço um pedacinho.
Continuamos a andar pela cidade que é uma fofura. Há muitas lojas de chocolate incríveis, cafés, restaurantes, lojas bacanudas. Ali no centro a atmosfera é de cidadezinha de inverno, tipo Campos do Jordão, afinal a cidade fica nos Alpes.










Andamos até a beira do rio Isar onde fica o Museu dos Alpes e onde havia muitos casais e famílias sentados no chão, curtinho um solzinho. Tinha até um maluco de sunga, com a pele toda vermelha, não sei se queimado de sol ou pintado. Sei lá, coisas que a gente só vê na Europa. O pessoal não tá nem aí. Dei na telha, eles vão lá e fazem. Adoro.




O Museu da bavária







Continuamos nossa andança de volta para o centro da cidade e paramos para tomar um café e dar uma esquentada. A essa altura já estava começando a escurecer e o frio tava aumentando. Como sempre perguntei se tinha leite de soja e ouvi do barista: "Claro, minha querida!" (Of course, my dear!). Ele fez uma cara de espanto com a pergunta como se fosse óbvio. Antes fosse assim no Brasil, não? O país é o maior importador de soja do mundo e tem poucos produtos à base de soja e que, na maioria, são de má qualidade. Uma das coisas boas de não morar no Brasil é que posso parar e quase toda cafeteria do mundo e beber um cappuccino com leite de soja, coisa que aí é missão quase impossível.
Terminado o café andamos mais um pouco até avistarmos uma casa de esquina bem típica. Sem entender o que estava escrito na placa, resolvemos ir até lá para ver o que era e bingo! Era uma cervejaria alemã, mas essa, só de locais. Ficou todo mundo olhando pra gente enquanto entrávamos.
O pessoal de lá foi muito legal. Receberam-nos muito bem e já logo abriram espaço no balcão. Apesar de haver algumas mesas, todas de madeira marrom escura, os cervejeiros se aglomaravam no pequeno balcão, que fica bem na frente do barril de cerveja. A bebida, aliás, é incrível. Nunca bebi uma cerveja como a Augustner Bräu München. Produzida por uma cervejaria fundada em 1294, ela é do tipo Pilsen, bem leve, mas bastante saborosa, lembrando bastante um chopp. E também tirada como um chopp, direto do barril, nesse caso de madeira, como se fazia antigamente. Os caras também explicaram que a cerveja deveria ser servida com colarinho, super cremoso. Uma delícia!
E ver os caras trocando o barril foi melhor ainda! Assim que acabou, os próprios clientes carregaram o barril e trouxeram e colocaram o novo no lugar. O dono do bar então pegou um martelo de madeira e deu uma martelada em cima do barril, segundo ele, para fazer pressão. Depois, pegou o mesmo martelo, colocou a torneira na frente do barril e deu outra martelada. Pronto! Cerveja pro povo sedento!
Com o copo nas mãos eu a Eri ficamos batendo papo com os locais. O pessoal estava lá fazendo um esquenta para a partida de futebol entre o Munique e o Borussia Dortmund que aconteceria em algumas horas. Estavam todos super animados e nos convidaram para o jogo. Mas naquela friaca... Nein, nein. (O Munique acabou perdendo de 3x1).


A esquina da perdição

Colocando a torneira no barril

Eu e minha amiga japonesa de Curitiba, a Eri

Resolvemos andar mais um pouco e ir até um outro bar que recomendaram para gente. O pessoal ia pra lá depois do jogo, mas logo fomos vencidas pelo frio e pelo cansaço e voltamos para a área do hotel. Lá perto tem um supermercado bacana e eles geralmente são muito baratos na Alemanha. Em Munique, mais ainda. As geléias francesas St Dalfour, que aí no Pão de Açucar custa R$ 18, em Munique custa 2,40 euros (cerca de R$ 5,50). Queijos e vinhos então, nem se fala! Mas o país também é otimo para comprar cereais, pão e cogumelos. Aproveitei e comprei minha janta lá, um apanhadão de cogumelos, abobrinha, beringela, tomates e repolho, tudo bem curtido em temperos, do jeito que alemão gosta!
Saindo de lá demos uma passada no restaurante do hotel, a Taberna Paulaner, que serve comida bávara, onde estavam os dois pilotos e alguns comissários. Provei uma outra cerveja local, a Paulaner, que também e boa, mas nem se compara com a Augustiner.


Essa é boa...

...mas a Augustiner é infinitamente melhor!

Esperei meus colegas comerem e me mandei para o quarto. Não via a hora de tomar um banho quente, ligar a TV e comer meus vegetinhas! Estava tudo delicioso, mas precisa ter estômago de dragão para aguentar essas conservas alemãs.
No dia seguinte eu pretendia dar uma passeada pelos arredores do hotel, que fica perto da estação de metrô Arabellapark, mas infelizmente minha sorte acabou. O dia estava chuvoso, congelante e com vento. Aproveitei para ficar em baixo das cobertas e assistir TV. Como eu não tenho TV em Dubai e aqui sempre faz um sol de rachar o coco, aprendi a dar valor para esses dias "feios", que só dão vontade de ficar na cama. Mas meu conforto durou pouco e logo tive que voltar pro calor do deserto.

Para beber:
Augustiner  Bräu München: www.augustiner-braeu.de/

Paulaner Brauerei München:  www.paulaner.com/

Nível de felicidade: *****

Hotel: Westin Grand Munich Arabellapark

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Mais uma vez na sala de justiça

Bom dia!

Cá estou eu no aeroporto novamente esperando. São seis da matina e estou aqui, contando com a sorte para pegar um voo para São Paulo que sai daqui a pouco. Se não der esse, que seja um Paris ou Viena. Quem sabe? Me deixa sonhar!
Enquanto isso vou começar a escrever um novo post. Assim me distraio um pouco porque cada vez que alguém é chamado aqui fica aquela tensão, todo mundo apreensivo para ver se o sujeito se deu bem ou pegou um bate e volta para a Índia, hahaha. Até agora o pessoal só se deu mal, mas me sinto com sorte hoje.
Até mais. Espero voltar em breve com boas notícias.
See ya later.

Pois é, um dia depois, voltei! Infelizmente não trago boas novas. Me mandaram num bate e volta para Medina, na Arábia Saudita que mais parecia "Apertem os cintos... O piloto sumiu". Ai, ai, não vejo a hora dessa reserva acabar. E mês que vem vou de férias pro Brasil de novo. Até breve!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Brighton

Continuo na reserva, esperando para cobrir faltas de última hora. Dessa vez, ao menos, fui chamada para um pernoite. Peguei um voo para Londres, aeroporto de Gatwick.
Os dois aeroportos de Londres, Heathrow e Gatwick ficam na verdade em cidades vizinhas, assim como Cumbica. Para ir para o centro de Londres, o melhor deles é Heathrow, por isso, quando vou para Gatwick, prefiro pegar o trem e conhecer cidades vizinhas. Dessa vez fui para Brighton.
Faz muitos anos que ouço falar muito bem dessa cidade porque tenho uma amiga, a Karla Monteiro, que não saía de lá. Alguns de seus amigos que moram em Brighton chegaram até a passar um tempo no apartamento onde eu morava em SP.
Para chegar lá é só pegar um trem, que de onde eu estava (Crawley Station) custou 10,70 libras o bilhete de ida e volta. Não é baratinho, mas não se arrisque a não comprá-lo porque há vários fiscais nas linhas de trem.
Felizmente dei muita sorte. Era um domingão de sol, início de primavera na Europa e ainda houve uma maratona naquele dia na cidade, ou seja, estava bombando. É muito legal ver como os europeus aproveitam e celebram a primavera e o verão, especialmente no Reino Unido onde é tão frio. Estive em Londres um mês atrás e não dava para sair na rua. Chuva, frio e vento demais.
Saindo da estação de trem você pode dar uma passadinha no mercado que há dentro da estação mesmo, o M&S Simply Food. Lá há várias opções de comidinhas saudáveis prontas para levar e baratas. Sanduíches, saladas, frutas já picadas. Para completar é só pegar um cappuccino em uma das cafeterias da estação e seu almoço está resolvido.
Chegando à rua beira-mar, fui até a praia, que não tem areia, mas pedras e me sentei para comer meu sanduba de chutney de cenoura. E antes que você tire um sarro, digo que estava ótimo. Aliás, se melhorar estragava.




Um ventania...

Enquanto comia, fiquei dando uma olhada no povo que passava. É uma mistura incrível de gente de todos os tipos. Gente jovem tomando sol, famílias com crianças, casais, tiazinhas tatuadas e com cabelo cor-de-rosa e turistas como eu. Dava para ver a diferença pelas roupas. Enquanto eles curtiam o "calorzão" de shorts e biquínis eu me protegia do vento com um trench coat. Aliás, dica: em Brighton venta muito, então mesmo que esteja quente em Londres, leve uma blusa com você.
Já alimentada, voltei a andar. Na praia há dezenas de portinhas e restaurantes bem simples, que vendem o clássico inglês, Fish & Chips. Traduzindo: peixe frito com batata frita. Há também um museu da pesca, atividade que eu gostaria que ficasse apenas na memória, além de algumas lojas de souvenirs e pequenas galerias de arte. Brigthon é uma cidade repleta de artistas. No calçadão e nas ruas há músicos, performers, pintores (ninguém querendo vender sua caricatura, ainda bem) e gente vendendo serviços diversos, como massagem e tarot. Tudo num clima muito alegre.


Os restaurantes ficam nos arcos, na beira da praia


Vista da praia para a rua

Enquanto isso no calçadão...

O Brighton Pier ao fundo

Quase todo mundo vai de bicicleta!


Segui até o Pier, de onde se tem uma vista bem bacana da orla. Acabei descobrindo que lá são vendidos vários pratos baratinhos e sempre está disponível ao menos uma versão vegetariana. Tem noodles, samosas, mais fish and chips por um preço camarada (cerca de 3 libras). Para quem está passeando com crianças, no pier há vários brinquedos.
Enquanto eu andava, um maluco resolveu pular de lá e nadar até a praia. A distância é pequena, mas a água é MUITO gelada. Não vi ninguém se arriscando a botar o pé, afinal o inverno acabou faz pouco tempo. Seguindo ele, outro pulou e esse precisou de ajuda para terminar o percurso porque além de não saber nadar direito, travou no meio do caminho por causa do frio. Patético.


O Pier

Vista do Pier
Depois de curtir bem a praia, resolvi andar pela cidade. É um prazer caminhar por ali a pé. Há grandes lojas como a Primark, uma Boots  de dois andares (onde vende o shampoo seco, meninas) e também lojinhas de estilistas locais, docerias incríveis, cafés, restaurantes com mesinhas ao ar livre e tudo com uma decoração que vai do fofo ao descolado, sem ser pretensioso. Bem legal.
Pra minha sorte, por causa da maratona, havia uma feira ao livre de comidas na cidade. Era pequenininha, mas tinha uma parte só para vegetarianos. Barraquinhas com pratos de vários nacionalidades, chocolate sem leite, geléia caseira (as inglesas são ótimas), tudo fresco e baratinho.














A feira de comidas


Não sei ao certo o nome da praça onde eu estava, mas fica ao lado do Royal Pavilion, um palácio construído no século 18, que se tornou um museu e pode ser visitado. Nos jardins do pálacio estão o Brighton Museum and Art Gallery e o Brighton History Center.


Royal Pavilion


Brighton Museum and Art Galley + History Centre


Royal Pavilion
A essa altura eu já bem cansada porque havia feito um voo noturno e dormido apenas três horas depois de ter chegado na Inglaterra. Então, acabei sentando na grama junto com um montão de gente que estava por ali para  asssitir uma molecada tocando. Aliás, um negócio muito legal  da Inglaterra é que não importa onde você vá, sempre toca Rock. Que alívio! Porque se tem uma coisa que eu destesto em Dubai é essa house music e esses Rap/pops americanos do inferno que tocam nessa cidade.
Depois de recobrar minhas forças, voltei para o hotel e... me perdi, claro! É muito fácil e confortável usar os trens, mas isso sempre acontece comigo quando estou muito cansada. Fiquei muito ocupada curtindo a paisagem linda, ouvindo Bob Dylan e passei a estação onde devia fazer a conexão. Em Singapura certa vez levei quase duas horas para conseguir sair do Jardim Botânico (Ah!!!), mas essa é uma outra história.
Em Brighton foram só 30 minutos perdida. Essa mistura de voos noturnos com jet legs contantes causam um cansaço na gente às vezes, que não dá para explicar. Só voando mesmo para saber.
Bom, enquanto eu me achava a noite foi chegando e com ela o frio. Se durante o dia fazia um "calorzão" de 18C, à noite eram 5C. Me espremi num cantinho da plataforma onde ainda havia um raiozinho de sol enquanto Bob Dylan cantava "Things Have Changed" no meu Ipod. Adoro essa música e em alguns momentos, a letra caiu como uma luva para aquela situação: "The next sixty seconds could be like an eternity"... Mas mesmo o frio e o cansaço não me impediram de reconhecer que aquele era um momento muito especial. E tenho tido muitos desses ultimamente. Gostaria que vocês pudessem ver pelos olhos o que tenho visto pelo mundo, meus amigos.
Como sempre, no fim das contas me achei, voltei para o hotel, pulei na banheira quentinha com um potinho de sopa, dormi com os anjos e voltei para Dubai muito feliz. Things Have Changed.


Nível de felicidade: *****

domingo, 3 de abril de 2011

Xangai

A China é um desses lugares que sempre tive vontade de dar uma chegada para ver como é, mas nunca pagaria para isso. Entre meus colegas de trabalho, a China é o tipo de lugar que ou você ama ou odeia, então estava curiosa para ver no que ia dar.
Chegamos em Xangai à noite e o aeroporto fica a cerca de 40 minutos da cidade. Quando chegamos no hotel já era por volta da meia noite e estava bem frio. Então, em vez de sairmos, compramos algumas bebidas na loja de conveniência na frente do hotel e ficamos no crew lounge. Acho que já expliquei  o que é o crew lounge em outro post, mas vamos lá. O crew longe é um apartamento do hotel reservado para a tripulação. Sempre tem um computador com conexão de internet e algumas vezes, uma mini cozinha com geladeira, sofás, tv...
Geralmente eu não gosto de ir para lá porque prefiro dormir relativamente cedo e aproveitar o dia para conhecer a cidade, mas nesse caso, como tripulação era muito legal e eu fiquei sabendo que dava pra comprar vinho chinês, juntei uma coisa com a outra e fui.
Além do vinho de uva, que eu nem sabia que era produzido lá , também comprei uma cerveja para experimentar (é famoso o vinho de arroz, bastante usado na culinary local, mas o de vinho). Como não tinha ninguém entre a gente que falava mandarim e ninguém falava inglês na loja, acho que acabei comprando sem querer a Suntory, uma cerveja japonesa.  Que era ótima por sinal.



Já o vinho Changyu é bebível. Pobrinho, sem corpo, pouquinho tanino, mas ainda assim, bem melhor que eu esperava. Não é nada do tipo Chapinha ou Sangue de Boi.



Além da surpresa de encontrar vinho naquelas terras, tive um papo bem bacana com um egípcio da tripulação. Depois de que todos os protestos começaram nos países árabes, essa foi a primeira vez que encontrei algum partidário de Murabak. Há muitos egípcios aqui e até então, todos, mas todos mesmo apoiaram a queda do governo.
Ele estava me contando que depois que a confusão começou e ele se declarou a favor de Murabak, mais de vinte pessoas, em Dubai e no Egito, o eliminaram do Facebook. Seus amigos não olham mais na cara dele, que recebeu e-mails e xingamentos on-line. E ele me perguntou: “É assim que querem começar uma democracia?” Pois é para se pensar. Estar aqui e poder conversar com as pessoas sobre o que acontece nos seus países é incrível. Tenho amigos da Líbia, Bahrain, Tunísia. E as histórias são bem diferentes do que lemos nos jornais.
Algumas taças de vinho depois o sono bateu e fui para a cama.
Dia seguinte, fui com alguns tripulantes e minha amiga Mai, da minha turma de trainees, fazer compras, afinal estamos na China. Ótimo lugar para isso em Xangai é o Underground Market, próximo ao centro da cidade, que tem esse nome porque fica no subsolo, junto à uma estação de metrô, e não porque é obscuro (bom, até que é).
Lá tem de tudo e muita falsificação das boas. O lugar é conhecido por vender “só falsificação original”. Roupas, tênis e acessórios de “marca”, pijamas e hobbies de seda e cetim (lindos, típicos chineses), bolsas, eletrônicos, tudo a preço de bananas. E a tripulação se acaba. E os comerciantes do mundo todo compram para revender com um puta lucro.


Minha amiga Mai à minha direita e outros dois tripulantes

Uma das entradas do underground market

O underground market

O underground market

O underground market

Como acontece em alguns países, lá há a tradição da barganha. Os vendedores sempre dão preços muito acima do real (até 200% do valor) e você tem que negociar para baixar. Eu já tinha adquirido experiência na Africa, então não foi difícil. Difícil foi usar o banheiro daquele ligar na hora do aperto. E que aperto, meu amigo…Tipo number 2 after breakfast. Eu fiquei com uma inveja daquele povo que diz que sofre porque "Ai, só vou no banheiro de casa".
A China não é exatamente conhecida pela limpeza. Muita gente acaba doente lá por intoxicação alimentar e as pessoas escarram na rua de uma forma impressionante. Há uma sinfonia bem desagradável nos quatro cantos da cidade. Agora aquele banheiro, vou te falar...
As chinesas não se incomodam em fechar as portas do lavatórios. Já quando entrei dei de cara com uma delas se limpando com a maior naturalidade, como se estivesse bebendo uma Coca-Cola. A maior parte das privadas estavam entupidas -assim como as pias onde as vendedoras lavavam seus tupperwares, usados no almoço, vassouras para limpar as lojas etc. Tudo isso ao som das cusparadas. Eu sei, a imagem é horrível. Mas acredite, a realidade é ainda pior. Bom, consegui comprar um lecinho da Hello Kitty e mais uma vez sobrevivi a Hora do Pesadelo. Obrigada Hello Kitty!

Imagine all the people...

Voltando às compras. Não se incomode com os vendedores gritando pelos corredores que você é mão-de-vaca. Faz parte da negociação. Quando você sai da loja, eles vão gritando atrás e baixando o preço. Algo assim:
O vendedor grita: - 60!
Você continua andando.
O vendedor grita: - Volta aqui, seu mão-de-vaca!
Você continua andando.
E assim vai até ele chegar num preço razoável. No início é muito estranho, mas acostuma. Há apenas uma coisa: se o vendedor chegar ao preço que você pediu, compre! É uma ofensa começar a barganha, ganhar e sair andando.
Saindo de lá cheia de sacolas, dei uma voltinha no centro da cidade. Há muitas coisas para se ver em Xangai, mas deixei para as próximas viagens. Dessa vez optei por voltar ao hotel e fazer uma massagem ali pertinho. Afinal, fazer compras cansa. Putz, às vezes eu nem acredito que me pagam pra isso!
As massagens na China são ótimas e com ótimos preços. Por uma de corpo inteiro eu paguei 80 yuans (R$ 19,80) por uma hora de masagem corporal. E foi ótimo.

Centro de Xangai

Centro de Xangai

Centro de Xangai

A massagem salvadora da pátria


perto do hotel

Saí de lá com uma fome monstra e tentei comprar alguma coisa nos restaurantes e na loja de conveniência ali perto, mas foi impossível. Ninguém fala inglês e eu não entendo bulhufas. Tentei perguntar para alguns estudantes que estavam nos arredores se tinha alguma coisa vegetarina, mas ninguém entendia. E a comida na China, como já falei não é nada confiável. Mesmo os carnívoros que adoram comida chinesa em outros lugares do mundo têm que tomar cuidado aqui. Talvez nos bons restaurantes a coisa seja melhor, mas na rua é assustador. Sério, não dá para reconhecer nada.




E aí, tem a manha?

Então, dei uma de covarde e fui pro hotel (Crowne Plaza) e comi por ali. Lá tinha um menu para vegetarianos. Pedi um arroz frito com legumes. A aparência era de um arroz Chop Suey do China in Box, mas o gosto era mil vezes melhor. Super saboroso.

Chop Suey original
Com barriga cheia fui para o quarto e liguei a TV, coisa que sempre faço. Tenho notado que as novelas locais dizem muito sobre a cultura de um país (sinto muito Brasil, mas é verdade). Dessa vez me chamou a atenção a quantidade de lágrimas das novelas chinesas. Você achava que as mexicanas eram dramáticas? Que nada! Saca só:





Botei até uma toalha embaixo da TV...
De qualquer forma, sobrevivi, tirei uma soneca e encarei um voo noturno de quase onze horas de volta pra casa. Adorei Shanghai e espero voltar em breve para visitar o restante da cidade e comprar as encomendas que a família já fez!


Nível de felicidade: ****